Thursday, July 05, 2007

Tuesday, June 26, 2007

Oswald de Andrade Modernismo brasileiro

Oswald de Andrade

poema revelador da estética modernista.
1. ideal bandeirante

Tome este automóvel
E vá ver o Jardim New-Garden
Depois volte à rua da Boa Vista
Compre o seu lote
Registre a escritura
Boa firme e valiosa
E more nesse bairro romântico
Equivalente ao célebre
Bois de Boulogne
Prestações mensais
Sem juros

2. vício da fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

características da estética modernista:
- ruptura com o verso tradicional, há predomínio do verso livre e uma poesia sintética, ruptura completa com os códigos literários anteriores na forma;
- descontinuidade cronológica e espacial
- atitude crítico-irônica diante da realidade
- valorização do prosaico, introdução de uma fala popular e elementos característicos da prosa.
- Os poemas que caracterizam o modernismo, quando não se fixam em uma cena da vida cotidiana podem refletir sobre a nossa história com humor e ironia.
- os poemas penetram fundo na realidade brasileira



Wednesday, May 16, 2007

Manoel Bandeira - Libertinagem


Literatura e Cultura Brasileira

Modernismo no Brasil primeiro tempo_ e_ Semana de 22


Processos: destruição e construção
Destruição:
- anarquismo -> movimento contra
- reação ao academicismo
- destruição do conformismo
- abaixo os tabus da inteligência
- morte "aos cadáveres em pé"
- sátira dos costumes passadistas
- humor agressivo
- desrespeito às regras gramaticais
- desprezo às velhas escolas literárias
- morte à rima e idéia pobre
- contestação à estrangeirização da cultura brasileira
- combate aos preciosismos lingüísticos
- combater formas clássicas de expressão lusitana

O que se quer construir:
- uma literatura alegre e vital
- busca de originalidade
- versos livres, paródia e parataxe
- ampliação do conceito poético
- explorar a linguagem do cotidiano
- poema - piada
- palavras em liberdade
- superar limitação para idéias
- busca no subsolo cultural
- absorver os ismos europeus
- descentralização cultural
- atualização da inteligência artística brasileira
- emitir juízos de valor sobre a realidade brasileira
- ecletismo ideológico e artístico (grupos pau-brasil (1924), verdeamarelismo(1924) antropofagia(1928)

participantes:
- jornalista italiano Francesco Pettinati/ René Thiollier/ Mnoel Bandeira/ A. F. Schimidt/ Paulo Prado/ Graça Aranha/ Manoel Vilabioin/ Gol]ffredo da S. Telles/ Couto de Barros/ Mário de Andrade/ Cândido Motta Filho/ Rubens Borba de Moraes/ Luiz Aranha/ Tácito de Almeida/ Oswald de Andrade/ Menotti del Picchia/ (falta as mulheres participantes)
Movimento de renovação artística iniciado nos anos 20, na cultura brasileira , e que se estende até hoje.

Postura dos representantes:

- Preparam uma rejeição aos padrões portugueses, buscando uma linguagem mais próxima do falar brasileiro.
- afirmaram sua libertação no vocabulário, na sintaxe, na escolha de temas poéticos.
- buscavam o cotidiano, atribuindo forma literária aos costumes brasileiros.
- valorizavam o humor e o prosaico, que surge em todos os gêneros, como instrumento de análise e arma de luta estética.

LIBERTINAGEM

Marca a adesão de Manoel Bandeira ao Modernismo, movimento que ele mesmo foi precursor. Também foi a fase de maturidade literária do poeta.
Libertinagem foi o quarto livro de poemas de M.Andrade.

1. O Movimento

* Fase Heróica da Literatura Brasileira
* Influência das Vanguardas Européias
* Contra o Academicismo: no aspecto formal e temático
* Poema-piada, bom humor, ironia
* Mistura entre prosa e poesia
* Uso de assuntos tradicionalmente não considerados literários
* Associação mais analógica que lógica entre as palavras

“Nós não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não queremos.”

2. O Autor

* Liberdade formal e temática
* revolta contra o convencionalismo
* valorização do cotidiano
* coloquialidade, através do verso-livre
* contraponto entre as situações da realidade exterior e interior
* expressões antipoéticas
* traços indicadores de sensibilidade romântica: melancolia, desencanto, desesperança, ligadas à idéia de morte.

“Em literatura a poesia está nas palavras, se faz com palavras e não com idéias e sentimentos, muito embora, bem entendido, seja pela força do sentimento
ou pela tensão do espírito que acodem ao poeta as combinações de palavras onde há carga de poesia”.

3. A Obra (1930) – Aspecto Formal

* Obra que marca a adesão de Bandeira ao Modernismo
* Obra possui 38 poemas
* Aspecto formal: variedade de formas utilizadas
* Poemas em prosa: “Madrigal tão engraçadinho”, “Noturno da Rua Lapa”.

Lenda brasileira

“A moita buliu. Bentinho Jararaca levou a arma à cara : o que saiu do mato foi o veado Branco! Bentinho ficou pregado no chão. Quis puxar o gatilho e não pôde.

- Deus me perdoe!

Mas o Cussarim veio vindo, veio vindo, parou junto do caçador e começou a comer devagarinho o cano da espingarda.”

* Versos redondilhos Maiores – “Vou-me embora pra Pasárgada.

* Versos octossílabos – “Poema de Finados”

“Amanhã quem é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.
Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mais pelo filho:
O filho tem mais precisão.
O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.”

* Versos eneassílabos – “Oração no saco de Mangaritiba”

“Nossa Senhora me dê paciência
Para estes mares para essa vida!
Me dê paciência pra que eu não caia
Pra que eu não pare nesta existência
Tão mal cumprida tão mais comprida
Do que a restinga de Marambaia!...”

* Mistura duas variedades lingüísticas: escrita culta e uma modalidade da língua oral-popular.

Macumba do Pai Zusé

“Na macumba do Encantado
Nego véio pai de santo fez mandinga
No palacete de Botafogo
Sangue de branca virou água
Foram vê estava morta!”

4. A obra – Aspecto Temático

1. Rejeição aos padrões literários vigentes

* O poema equivale a um programa estético.

* Recusa da poesia comedida, bem comportada.
* “Clowns”- personagens simples , mas capazes de expressar, com humor espontâneo, verdades essenciais, além de desmascarar a hipocrisia geral.
* Poética – tratado de poesia; disciplina que estuda teoricamente o fenômeno poético, investigando suas leis, sua natureza e suas formas.

Poética

“Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente protocolo e manifestações de apreço

ao Sr. diretor
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo

comentários:
Os versos de Poética contestam metafórica e irônicamente o lirismo protocolar, limitado e subserviente do movimento que o precedeu, isto é, dos parnasianos.
recusa pela poesia comedida, bem comportada, caracterizada por metáforas alusivas à vida burocrática. As relações de semelhanças são estabelecidas
pelas idéias de rotina repetitiva, sujeição a regras inalteradas-> funcionário público/livro de ponto/ expediente/protocolo. Segue-se "adulação a chefes ->
manifesto de apreço ao Sr. diretor. (metáfora alusivas à vida burocrática).
...............

Abaixo os puristas
.........
Segundo bloco, com 3 versos, correspondendo à quarta esstrofe, faz contraponto ao primeiro. Passa-se do discurso negativo para o afirmativo. Os versos sáo livres, mas apresentam uma certa uniformidade m[etrica se comparados com os outros. Alinguagem mantem um tom de celebração, mas glorifica o que os parnasianos proibiam, que era a liberdade de expressão. Rompendo com a idéia de proibição, liberta a poética de todas as palavras.

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

......
O terceiro bloco, constituído pela quinta e sexta estrofes. Os versos são também livres e agressivos, negando a poesia sentimental, que é comparado como demagógico, fraco e degenerado -> político, raquítico, sifilítico.
4o e 5o versos, nega a poesia presa a formulas inautênticas de uma forma desgastada. Nega-se aí a poesia do Parnasianismo.


Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
..........
Sexta estrofe - Desclalifica o parnasianismo, exclui as construções do âmbito de poesia e classifica-os onde considera o seu verdadeiro lugar.
De resto não é lirismo

Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar
às mulheres, etc.
..............
O quarto bloco, o final, compreende a sétima estrofe com quatro versos e a oitava, com apenas um verso. Ambas estão ligadas por uma relação opositiva: ...Quero/...Não quero...

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
...........
(4o bloco - 8a. estrofe -> único verso)

* Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.”
- neste último verso está explícito o sentimento contrário às regras de convenções tradicionais, embora traga explícita a consagração do lirismo libertador. O advérbio não aparece duas vezes. Essa afirmação consagra o lirismo libertador.

comentários:
"Poética"equivale a um programa estético. Seus versos assemelham-se a um manifesto. Propostas aapresentadas em quatro blocos. O primeiro, com 5 versos iniciais repartindo-se em tres estrofes irregulares, uma de 3 versos e as outras duas de um só verso.
Versos tb são irregulares: o 1o com 11 sílabas; o 2o com 8; o 3o com 37; o 4o, com 30; e o 5o com 5. Essa irregularidade dá um aspecto visual agressivo -versos parecxem baionetas, que se espetam para a direita da página.
A aliteração das plosivas /t/ e /d/ e das labiais /b/ e /p/, confirmam a agressividade. Também a ordem enunciada, principalmente nos primeiros versos, como "abaixo!", é uma expressão comum nos manifestos políticos. (aspecto plástico e sonoro).

notas de agressividade: ritmos irregulares/ aliteração de fonemas oclusivos /t/ e /d/ e dos labiaiis /b/ e /p/.



2. A poesia do Cotidiano

* abordagem temática das coisas simples e banais que compõem o dia-a-dia: “Camelôs”, “O cacto”, “Comentário musical”.

Pensão familiar

“Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.

E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.
Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.

Sai vibrando com elegância a patinha direita:
* É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.”



* Paródia da linguagem jornalística:
* denúncia da insensibilidade da imprensa
* fatos são narrados de forma impessoal
* linguagem seca, sintética e referencial.

“Poema tirado de uma notícia de jornal”.

“João Gostoso era carregador de feira livre e morava no
morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.”

3. Poesia Confessional

* na obra, encontramos farto material autobiográfico: “Profundamente”.

* apresentação de vultos familiares, brincadeiras e festas de ruas, cenas que ficaram na memória do poeta como momentos mágicos:

Não sei dançar
“Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.

Mas o cálculo das probalidades é uma pilhéria...
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.
Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
Perdi a saúde também.

É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz-band.
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de Terça-feira gorda.(...) “



“Evocação do Recife”

“Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritssatd dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois –
Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância.(...)

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo

Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô ,morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô.”

4. A morte

* O poeta padeceu de tuberculose na juventude e a prática literária tornou-se necessária, como se fosse uma forma de preparação para a morte.

* No poema, a morte é tratada com ironia e humor negro (Poema - Piada)
* Uso de linha pontilhada, que representa a dificuldade respiratória.
* Tango – grande dramaticidade que, geralmente, expressa tragédias pessoais.

Pneumotórax

“Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
* Diga trinta e três.
* Trinta e três... trinta e três.... trinta e três....
* Respire.

* O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o
{pulmão direito infiltrado.
* Então doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
* Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.”

O beco
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizaonte?
- O que vejo é o beco.


Andorinha

“Andorinha lá fora está dizendo:
“- Passei o dia à toa, à toa!”
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa...”

5. Erotismo.

* A lírica amorosa alcança, no livro, momentos de grande poesia.

* Palinódia – é uma retratação poética. Algo que foi dito no passado é retificado no presente.

“Quem te chamara prima
Arruinaria em mim o conceito
De teogonias velhíssimas
Todavia viscerais.
Naquele inverno
Tomaste banhos de mar
Visitaste as igrejas

(Como se temesses morrer sem conhecê-las todas)
Tiraste retratos enormes
Telefonavas telefonavas...
Hoje em verdade te digo
Que não és prima só
Senão prima de prima
Prima-dona de prima
- Primeva.”

* Teogonia – gênese dos deuses (universo mitológico grego)
* Primeva – retorno a tempos primordiais.



6. A Evasão

* Cria um mundo paralelo à realidade, onde os desejos e as fantasias são realizados.

* É um mundo sem preconceitos nem proibições

Vou-me embora pra Pasárgada

“Vou me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que eu escolherei
Vou me embora pra Pasárgada
Vou me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Prá me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou me embora para Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
-Lá sou amigo do rei-
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou me embora para Pasárgada.”


7. A Solidariedade

* O componente social deve ser visto no contexto histórico de um país de passado escravocrata.

Irene no céu
“Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.”


8) A relação com o Catolicismo

* A relação não é religiosa, mas cultural e, sobretudo poética.
* Como elemento da cultura brasileira, o catolicismo se apresenta fazendo menção:
* à festas e cerimônias do calendário religioso: “Profundamente”; “Poema de finados” ;
* na referência a figuras do imaginário católico: O Anjo da guarda”;
* na paródia de preces : “Oração do saco de Mangaratiba”; “Oração a “Teresinha do menino Jesus”
* citações bíblicas: “ Teresa”
* traços da piedade Cristã mesclados à religião afro-brasileiras “Mangue”.
* Há sempre uma certa ironia na reações entre o poeta e a fé católica.

A Virgem Maria

“O oficial de registro civil, o coletor de impostos, o mordomo
da Santa Casa e o administrador do cemitério de São João Batista
Cavaram com enxadas
Com pás
Com as unhas
Com os dentes
Cavaram uma cova mais funda que o meu suspiro de renúncia
Depois me botaram lá dentro
E puseram por cima
As Tábuas da Lei
Mas de lá de dentro do fundo da treva do chão da cova
Eu ouvia a vozinha da Virgem Maria
Dizer que fazia sol lá fora
Dizer i n s i s t e n t e m e n t e
que fazia sol lá fora.”

9) O Lirismo romântico

* grande subjetividade onde o poeta demonstra um neo-romantismo

O impossível carinho

“Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor

* Eu soubesse repor –
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!”

Mulheres
“Como as mulheres são lindas!
Inútil pensar que é do vestido...
E depois não há só as bonitas:
Há também as simpáticas.
E as feias, certas feias em cujos olhos vejo isto:
Uma menininha que é batida e pisada e nunca sai da cozinha.
Como deve ser bom gostar de uma feia!
O meu amor porém não tem bondade alguma,
É fraco! É fraco!

Meu Deus, eu amo como as criancinhas...
És linda como uma história da carochinha...
E eu preciso de ti como precisava de mamãe e papai
( No tempo em que pensava que os ladrões moravam no
(morro atrás de casa e tinham cara de pau).”

10) A Metalinguagem

O último poema
“Assim eu quereria o meu último poema

Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos in-
(tencionais

Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais
(límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.”


Saturday, October 21, 2006

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS

Machado de Assis (1839-1908)
(Memórias Póstumas de Brás Cubas)

notas importantes:
Mach
É o mais importante escritor brasileiro?
Nasceu no Rio de Janeiro. O pai, pintor de paredes e a mãe, açoriana, trabalhava em serviços domésticos.
Aos 15 anos já publicava alguns versos. Em 1858, começa a escrever para os jornais O Paraíba e O Correio Fluminense. Inicia a prosa romântica com Ressureição (1872); Contos Fluminenses (1870). Dedicou-se também à poesia, à crônica e à crítica literária.

sua vida:
- infância pobre, mas não desprotegida.
- produção literária muito cedo, adepto ao liberalismo
- produziu romances românticos e depois realistas. Memórias Póstumas de Bras Cubas (1881)
- o jornalismo lhe deu muita experiência na arte de escrever. Ele preferiu o gosto simples, uma linguagem ágil e moderna, oralidade simples e elegante, um intimismo universal.
- Era tímido, recatado. Dizem que tinha vergonha da madrasta, que não se importava com os negros.
- Casou-se em 1874 com Carolina Augusta Xavier. Foi diretor do Diário Oficial até 1874. Muitas dificuldades financeiras.
- Acumulou vários cargos públicos. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras.
- Publicou Memorial de Aires, em 1904, ano em que faleceu.

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
Em Memórias está presente a oposição entre os tipos de relações humanas: as fingidas e as verídicas. É preciso observar que na obra a crítica tem um caráter de constatação dos fatos que coexistem na sociedade e não de julgamento. A obra critica o que o homem faz e o que fatalmente acontece a ele.
- A obra pertence ao momento do realismo.
- representa o estilo da época, - a escola literária.
1. crítica da sociedade
Analisa as relações humanas: as fingidas e as verídicas. As fingidas, são as prazerosas, ou seja, a busca da ascenção e do poder, então a vida é cheia de gozo cínico. As verídicas, as dolorosas, representam aquelas inevitáveis, tais como: velhice, fatalidade, indiferença, azar, morte, enfim, tudo o que ironiza as ânsias da ascenção.

Sunday, August 27, 2006

José de Alencar - 'Lucíola'

cadeira de estudante/
ROMANTISMO - José de Alencar, Lucíola.
CANDIDO,Antonio.Formação da Literatura Brasileira. 2.vol.5a.ed.
(excertos)

- José de Alencar, volta ao romance em 1862, com Lucíola. Nesse romance J.Alencar prova sua experiência teatral: na firmeza do diálogo, o senso das situações reais, o gosto pelo conflito psicológico (excelente livro).
- Há três Alencares. O primeiro, ......, o segundo, ....... e o terceiro, embora contendo traços dos outros dois, porém formado por elementos pouco heróicos e pouco elegantes, mas denotadores de senso artístico e humano. Esse Alencar está bem definido em Lucíola. Lucíola e Senhora, são os únicos romances em que a mulher e o homem se defrontam num plano de igualdade.
- Em Alencar há um sociólogo implícito. Os seus romances ganham força por causa dos problemas ocasionados pelo disnivelamento nas posições sociais, que acabam afetando a afetividade dos personagens. - Essas posições sociais, evidentemente, ligadas ao nível econômico - preocupação central dos seus romances urbanos. Para Alencar, a sociedade brasileira é um campo de concorrência pela felicidade e bem-estar. A segurança e a solidez estão encarnadas no comerciante e no fazendeiro.
- O capitalismo acaba com todos os sonhos. Só resta a alienação da consciência, que na sociedade burguesa, veio a ser a prostituição da inteligência ou do sentimento. - carreirismo político e casamento com mulher rica.

Em Lucíola - a inviabilidade das relações normais entre um jovem ambicioso de boa família e uma meretriz. A vida de Lúcia é condicionada por situações conflituosas: a pureza da infância, o sacrificio da honta à saúde do pai; a brutalidade com que é violentada. A inocência perdida é o sonho da pureza futura (que desabrocha ao toque do amor) tanto quanto o asco à prostituição. A luxúria com que sugjugava os amantes é um recurso profissional, por onde escondia o ser puro. A sensualidade desenfreada é um recurso mais de auto-punição, técnica masoquista de reforço do sentimento de culpa. No romance, recurso usado por Alencar, representa uma dialética do passado e do presente, cujo desfecho é a redenção final.

Desarmonia - /o contraste de uma situação, duma pessoa ou dum sentimento normal, e tido por isso como bom, com uma situação, pessoa ou sentimento. - a luxúria do velho Couto, a prática do vício , transforma a personalidade de Lúcia. - é o choque do bem e do mal. A depravação com que Lúcia se estimula e castiga ao mesmo tempo, cujo momento culminante é a orgia promovida por Sá - (tapetes de pelúcia escarlate, quadros vivos abcenos, flores e meia luz.

Alencar tem sensibilidade aguçada para ver o mal, o recalque, o anormal como impecilhos à perfeição - essa é uma dialética do bem e do mal, característica da ficção romântica.
A

Friday, August 25, 2006

Romantismo_Alfredo Bosi

HISTÓRIA CONCISA DA LITERATURA BRASILEIRA
Alfredo Bosi – Cultrix. 1994
(p.91 –103) - (fichamento)

A situação dos vários românticos
segundo o autor, fica muito difícil dar uma definição abrangente do romantismo, tamanha a riqueza de detalhes que o caracteriza. No geral, o amor e a pátria, a natureza e a religião, o povo e o passado são vistos de maneira totalmente especial.

A Revolução Industrial e ascenção da burguesia

ROMANTISMO _segundo Alfredo Bosi

HISTÓRIA CONCISA DA LITERATURA BRASILEIRA
Alfredo Bosi – Cultrix. 1994
(p.91 –103) - (fichamento)

A situação dos vários românticos
segundo o autor, fica muito difícil dar uma definição abrangente do romantismo, tamanha a riqueza de detalhes que o caracteriza. No geral, o amor e a pátria, a natureza e a religião, o povo e o passado são vistos de maneira totalmente especial.

A Revolução Industrial e ascenção da burguesia

A POESIA ROMÂNTICA: o eu e a natureza

Cadeira de estudante/
LITERATURA BRASILEIRA
Luis Roncari
(resumo) (p.312-323)

A POESIA ROMÂNTICA: O EU A NATUREZA

Tem-se que separar poesia da prosa e os dois do teatro. Tendência romântica é misturar estilos. Iracema de José de Alencar – mistura traços épicos com expressão poética.

Citar autores é um outro problema. São muitos. Autor seleciona três: Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves.

Antecedentes: A Revolução Francesa e Industrial mudaram o mundo. O romantismo se situa no ponto de transição – capitalismo X burguesia.

Poeta romântico – inconformista.
Mundo burguês – mundo medido em moeda: tecidos, legumes, o trabalho, as idéias, os afetos, o amor.
Em O Guarani, os valores são: a honra, os sentimentos puros, a dignidade, a fidelidade. Tudo isso não têm preço, não são mercadorias, objetos de troca – não podem ser comprados ou vendidos.
Como resultado, a visão romântica secciona o mundo em duas partes distintas: uma, a da vida social, concentrada nas cidades, um espaço criado pelo homem, porém hostil a ele mesmo e ao amor; e outra, a da natureza, o campo, tanto mais natural e verdadeira quanto mais próxima da sua origem e do seu Criador e quanto mais longe estiver da ação humana, transformadora e civilizadora. (p.313-4)

O homem romântico – homem urbano, que foge da cidade para o campo – para a natureza. Sua atitude é mais de recusa do que crítica. Não é uma delegação poética como os árcades, transferindo para a pastora ou pastor o sofrimento. Aqui é ele, o eu-poético que se evade. O poeta romântico se acha eleito dotado de gênio, diferente dos outros homens. O valor da obra não está somente nela e sim na capacidade do eu-poético: “ eu senti” “eu vivi” – tem que comover o leitor.

Os temas dos românticos: fortes , chocantes, comoventes. Pretendem provocar no leitor não a catarse(compaixão ou terror da tragédia, mas a exaltação e valorização do poeta). Como ele sente que o mundo é pequeno para sua alma grande, se volta à natureza que a considera ampla e exuberante o bastante para irmanar-se com ela. Por isso ele se faz um observador e quanto mais, mais importante ele se torna. Daí surgem os heróis na natureza.

Gonçalves Dias (1823-1864)
Canção do Exílio.
Duas características da poesia romântica: a expressão lírica do eu e o canto de guerra e dos indígenas brasileiros, - poesia indianista.

Poeta romântico – um demiurgo: senti o mundo, a natureza, a divindade e expressa-os de forma integral, reunindo: pensamento e sentimento, coração e entendimento, paixão e idéia. Sente o que está fora de si e expressa o que está dentro de si, ele cria a poesia - um meio para que o leitor o veja. – o que importa para ele é o artista, o elemento vital do fazer artístico. A criação apenas serve como meio, recurso de comunicação. Se o artista conseguir comunicar-se, confessar-se pelo seu intermédio, está realizada a arte.

Thursday, August 24, 2006

Lingüística -Estrangeirismos

(fichamento)
Elementos pré e pós romanos
- substrato ( ibéricos, celtas e basco)
balsa, manteiga, arroio, esquerdo, bezerro, cachorro, zorra.

Elementos pós-romanos:
- superstrato: elementos germânicos (visigodos, suecos e álanos)
luva,elmo, roubar, guerra.
germânica:
norte-sul-leste-oeste

- adstrato: invasão árabe
álgebra, xarope, chafariz, alfaiate, alfine, azeite, arroz, zero, alface, aldeia.

Elementos de línguas neolatinas.
Devido as condições de Brasil-colônia e as relações de Portugal com países vizinhos, os elementos importados foram introduzidos na nossa língua a partir da Idade Média, oriundos das demais línguas neolatinas, também ainda em formação na época, temos um grande acervo estrangeirismos, como: galicismos (jogral, trovador, linhagem, chaminé, maré,etc), do espanhol(lhano, fandango, tango, bobo, saleiro,etc), do italiano (piloto, prova, escolher, amainar,soneto, terceto, andante, sonato, alegro, colombina, caricatura,etc), e ainda romenos, galego, rético, sardo ( estes sem influência).

Elementos de línguas européias não-latinas
Alguns elementos foram introduzidos pelo intercâmbio cultural e político:
Do alemão: quartzo, gnaisse, cobalto, interlândia, kaiser,etc.
Do holandês: quermesse.
Da Escandinávia: níquel, fiorde e sauna.
Do russo: czar, estrogonofe, esputinique, inteligentsia. novos: perestroika, glasnost.
Do húngaro: xardas.
Da Polônia: polca.
Do inglês: bife, rosbife, lanche, vagão, pudim, túnel, rum, esportes (inglês),videoteipe, biônico, cartum(Est.Unidos). Alguns vocábulos são usados no Brasil e não em Portugal(gay, stand, stress,etc).
helenismo: (do grego) anjo, bispo, encíclica, filosofia, metafísica, caligrafia, telefone, etc.
hebraico: Jeová, Maria, Jacó, sábado, páscoa, amem, satanás, etc.

Elemenos não-européias.
Época do descobrimento:
Da Ásia: nanquim, chá, bule, manga, canja, cáqui,etc.
Da África: banana, zebra, girafa,etc
Da América espanhola: chocolate, xícara, tomate,etc.
Da América portuguesa: (flora e fauna) amendoim, arara, pernambucano, Peri, Jaci(gentílicos).
Português do Brasil (indígenas e falares africanos) - constituem termos que não estavam incorporados no português de Portugal; camundongo, moleque, senzala, abacaxi, mandioca,etc.

Padrão morfológico português
O léxico da língua portuguesa é formado por um aglomerado de etnias, que é impossível separar. A língua não é apenas o léxico (palavras). Ela é também formada por uma estrutura fraseológica, morfológica e fonológica única. No caso da nossa língua essa estrutura originou-se do latim popular. As primeiras bases dessa estrutura foram criadas para estabelecer a língua portuguesa, então quando se importa um termo novo, ele tem que passar pelas linhas gerais dessa língua e moldar-se à sua estrutura morfológia e fonológica. Por exemplo: 'stress' foi adaptado para 'estresse', porque na nossa língua não se admite um vocábulo iniciado por 's' desacompanhado de vogal. Os verbos que entram na língua tomam como paradígma a primeira conjugação.

Mecanismos de Ampliação do léxico
O léxico vive em expansão. As palavras pertencem ao universo lingüístico (significação interna (morfemas gramaticais - organização e estrutura interna da língua - nesse ponto a língua é conservadora. artigos, preposições, pronomes relativos, alguns advérbios,etc. ) e extralingüísticos(advérbios nominal, verbo, adjetivo, substantivo) - cresce continuadamente e relaciona-se com o mundo exterior.
Os neologismos têm a enorme função de acompanhar a evolução humana.
Toda língua viva tem seus próprios mecanismos de ampliação do léxico - adoção e adaptação ao termo novo -- criatividade (vários processos). No nosso caso, -- o empréstimo.

Abordagem sóciolingüística
Novos lexemas - surgem por questões internas ligadas à evolução da fala, as atividades humanas e as mudanças sociais.
A parte da lingüística que estuda essas questões é a sociolingüística. Por esse prisma a linguagem é vista como criação.
A regra é baseada na seleção de uso e na prática do falante, sendo que a língua é um fato social e é interindividual. Partindo do estudo do léxico pode-se explicar a vida de uma sociedade.




Lingüística -Estrangeirismos

(fichamento)
Elementos pré e pós romanos
- substrato ( ibéricos, celtas e basco)
balsa, manteiga, arroio, esquerdo, bezerro, cachorro, zorra.

Elementos pós-romanos:
- superstrato: elementos germânicos (visigodos, suecos e álanos)
luva,elmo, roubar, guerra.
germânica:
norte-sul-leste-oeste

- adstrato: invasão árabe
álgebra, xarope, chafariz, alfaiate, alfine, azeite, arroz, zero, alface, aldeia.

Elementos de línguas neolatinas.
Devido as condições de Brasil-colônia e as relações de Portugal com países vizinhos, os elementos importados foram introduzidos na nossa língua a partir da Idade Média, oriundos das demais línguas neolatinas, também ainda em formação na época, temos um grande acervo estrangeirismos, como: galicismos (jogral, trovador, linhagem, chaminé, maré,etc), do espanhol(lhano, fandango, tango, bobo, saleiro,etc), do italiano (piloto, prova, escolher, amainar,soneto, terceto, andante, sonato, alegro, colombina, caricatura,etc), e ainda romenos, galego, rético, sardo ( estes sem influência).

O galego foi um caso à parte, porque durante algum tempo a língua falada em que se bifurcou no momento da independencia, tendo como origem


italianos:
piloto, prova,

ADRESO_LINGÜÍSTICA - estrangeirismo

EMPRÉSTIMOS LINGÜÍSTICOS
Nelly Carvalho – Editora ática . 1989

(resumo)

Introdução
A introdução da obra procura valorizar os recursos da língua falada que proporciona o relato de acontecimentos históricos, resgatando arquétipos. Esses textos estão contidos nos gêneros das fábulas, contos, lendas e parábolas, os quais relatam com muita simplicidade o comportamento das pessoas em todos os seus aspectos: sociais, culturais, psicológicos e até lingüísticos.

Foi apresentado uma fábula, cujos personagens são constituídos pela Língua Portuguesa e todos os tipos de estrangeirismos e a contrariedade daquela contra os empréstimos lingüísticos. Finalmente a Língua reconhece que se forem excluídos todo estrangeirismo, ela ficaria vazia.

Acervo lexical
O acervo lexical de uma língua é constituído pelo Léxico. Esse inventário tem como unidade básica os morfemas, que são as partes mínimas significativas. Há os morfemas lexicais e os gramaticais. Estes últimos são em número limitado, fazem parte da estrutura lingüística e não mudam; os lexicais estão em permanente renovação e não causam prejuízo no fenômeno da comunicação. Por isso, os lingüistas fazem distinção entre léxico e gramática.

Sincronia e Diacronia
De acordo com Saussure a língua deve ser analisada nos seus dois aspectos: sincrônico e diacrônico. Entende-se como sincronismo a observação da língua tal como se encontra em uma determinada época e diacrônico a observação histórica da língua na sua permanente elaboração.
No caso da Língua Portuguesa, fazendo um estudo retroativo, constata-se que, o que numa época foi neologismo, em outra torna-se arcaísmo e o que representa 'estrangeirismo' com o passar do tempo, torna-se termo comum do léxico.
Portanto, é através da fala que se processam as mudanças de uma língua e essas mudanças são inevitáveis em todas as áreas. O acervo de nossa língua originou-se no 'latim vulgar', uma modalidade popular, sendo os modelos do latim clássico usados apenas para um modelo mais elaborado. Não se esquecendo da contribuição de muitos vocábulos de diferentes etnias que se incorporaram na língua através dos fenômenos políticos e imigratórios.