Wednesday, May 16, 2007

Manoel Bandeira - Libertinagem


Literatura e Cultura Brasileira

Modernismo no Brasil primeiro tempo_ e_ Semana de 22


Processos: destruição e construção
Destruição:
- anarquismo -> movimento contra
- reação ao academicismo
- destruição do conformismo
- abaixo os tabus da inteligência
- morte "aos cadáveres em pé"
- sátira dos costumes passadistas
- humor agressivo
- desrespeito às regras gramaticais
- desprezo às velhas escolas literárias
- morte à rima e idéia pobre
- contestação à estrangeirização da cultura brasileira
- combate aos preciosismos lingüísticos
- combater formas clássicas de expressão lusitana

O que se quer construir:
- uma literatura alegre e vital
- busca de originalidade
- versos livres, paródia e parataxe
- ampliação do conceito poético
- explorar a linguagem do cotidiano
- poema - piada
- palavras em liberdade
- superar limitação para idéias
- busca no subsolo cultural
- absorver os ismos europeus
- descentralização cultural
- atualização da inteligência artística brasileira
- emitir juízos de valor sobre a realidade brasileira
- ecletismo ideológico e artístico (grupos pau-brasil (1924), verdeamarelismo(1924) antropofagia(1928)

participantes:
- jornalista italiano Francesco Pettinati/ René Thiollier/ Mnoel Bandeira/ A. F. Schimidt/ Paulo Prado/ Graça Aranha/ Manoel Vilabioin/ Gol]ffredo da S. Telles/ Couto de Barros/ Mário de Andrade/ Cândido Motta Filho/ Rubens Borba de Moraes/ Luiz Aranha/ Tácito de Almeida/ Oswald de Andrade/ Menotti del Picchia/ (falta as mulheres participantes)
Movimento de renovação artística iniciado nos anos 20, na cultura brasileira , e que se estende até hoje.

Postura dos representantes:

- Preparam uma rejeição aos padrões portugueses, buscando uma linguagem mais próxima do falar brasileiro.
- afirmaram sua libertação no vocabulário, na sintaxe, na escolha de temas poéticos.
- buscavam o cotidiano, atribuindo forma literária aos costumes brasileiros.
- valorizavam o humor e o prosaico, que surge em todos os gêneros, como instrumento de análise e arma de luta estética.

LIBERTINAGEM

Marca a adesão de Manoel Bandeira ao Modernismo, movimento que ele mesmo foi precursor. Também foi a fase de maturidade literária do poeta.
Libertinagem foi o quarto livro de poemas de M.Andrade.

1. O Movimento

* Fase Heróica da Literatura Brasileira
* Influência das Vanguardas Européias
* Contra o Academicismo: no aspecto formal e temático
* Poema-piada, bom humor, ironia
* Mistura entre prosa e poesia
* Uso de assuntos tradicionalmente não considerados literários
* Associação mais analógica que lógica entre as palavras

“Nós não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não queremos.”

2. O Autor

* Liberdade formal e temática
* revolta contra o convencionalismo
* valorização do cotidiano
* coloquialidade, através do verso-livre
* contraponto entre as situações da realidade exterior e interior
* expressões antipoéticas
* traços indicadores de sensibilidade romântica: melancolia, desencanto, desesperança, ligadas à idéia de morte.

“Em literatura a poesia está nas palavras, se faz com palavras e não com idéias e sentimentos, muito embora, bem entendido, seja pela força do sentimento
ou pela tensão do espírito que acodem ao poeta as combinações de palavras onde há carga de poesia”.

3. A Obra (1930) – Aspecto Formal

* Obra que marca a adesão de Bandeira ao Modernismo
* Obra possui 38 poemas
* Aspecto formal: variedade de formas utilizadas
* Poemas em prosa: “Madrigal tão engraçadinho”, “Noturno da Rua Lapa”.

Lenda brasileira

“A moita buliu. Bentinho Jararaca levou a arma à cara : o que saiu do mato foi o veado Branco! Bentinho ficou pregado no chão. Quis puxar o gatilho e não pôde.

- Deus me perdoe!

Mas o Cussarim veio vindo, veio vindo, parou junto do caçador e começou a comer devagarinho o cano da espingarda.”

* Versos redondilhos Maiores – “Vou-me embora pra Pasárgada.

* Versos octossílabos – “Poema de Finados”

“Amanhã quem é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.
Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mais pelo filho:
O filho tem mais precisão.
O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.”

* Versos eneassílabos – “Oração no saco de Mangaritiba”

“Nossa Senhora me dê paciência
Para estes mares para essa vida!
Me dê paciência pra que eu não caia
Pra que eu não pare nesta existência
Tão mal cumprida tão mais comprida
Do que a restinga de Marambaia!...”

* Mistura duas variedades lingüísticas: escrita culta e uma modalidade da língua oral-popular.

Macumba do Pai Zusé

“Na macumba do Encantado
Nego véio pai de santo fez mandinga
No palacete de Botafogo
Sangue de branca virou água
Foram vê estava morta!”

4. A obra – Aspecto Temático

1. Rejeição aos padrões literários vigentes

* O poema equivale a um programa estético.

* Recusa da poesia comedida, bem comportada.
* “Clowns”- personagens simples , mas capazes de expressar, com humor espontâneo, verdades essenciais, além de desmascarar a hipocrisia geral.
* Poética – tratado de poesia; disciplina que estuda teoricamente o fenômeno poético, investigando suas leis, sua natureza e suas formas.

Poética

“Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente protocolo e manifestações de apreço

ao Sr. diretor
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo

comentários:
Os versos de Poética contestam metafórica e irônicamente o lirismo protocolar, limitado e subserviente do movimento que o precedeu, isto é, dos parnasianos.
recusa pela poesia comedida, bem comportada, caracterizada por metáforas alusivas à vida burocrática. As relações de semelhanças são estabelecidas
pelas idéias de rotina repetitiva, sujeição a regras inalteradas-> funcionário público/livro de ponto/ expediente/protocolo. Segue-se "adulação a chefes ->
manifesto de apreço ao Sr. diretor. (metáfora alusivas à vida burocrática).
...............

Abaixo os puristas
.........
Segundo bloco, com 3 versos, correspondendo à quarta esstrofe, faz contraponto ao primeiro. Passa-se do discurso negativo para o afirmativo. Os versos sáo livres, mas apresentam uma certa uniformidade m[etrica se comparados com os outros. Alinguagem mantem um tom de celebração, mas glorifica o que os parnasianos proibiam, que era a liberdade de expressão. Rompendo com a idéia de proibição, liberta a poética de todas as palavras.

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

......
O terceiro bloco, constituído pela quinta e sexta estrofes. Os versos são também livres e agressivos, negando a poesia sentimental, que é comparado como demagógico, fraco e degenerado -> político, raquítico, sifilítico.
4o e 5o versos, nega a poesia presa a formulas inautênticas de uma forma desgastada. Nega-se aí a poesia do Parnasianismo.


Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
..........
Sexta estrofe - Desclalifica o parnasianismo, exclui as construções do âmbito de poesia e classifica-os onde considera o seu verdadeiro lugar.
De resto não é lirismo

Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar
às mulheres, etc.
..............
O quarto bloco, o final, compreende a sétima estrofe com quatro versos e a oitava, com apenas um verso. Ambas estão ligadas por uma relação opositiva: ...Quero/...Não quero...

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
...........
(4o bloco - 8a. estrofe -> único verso)

* Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.”
- neste último verso está explícito o sentimento contrário às regras de convenções tradicionais, embora traga explícita a consagração do lirismo libertador. O advérbio não aparece duas vezes. Essa afirmação consagra o lirismo libertador.

comentários:
"Poética"equivale a um programa estético. Seus versos assemelham-se a um manifesto. Propostas aapresentadas em quatro blocos. O primeiro, com 5 versos iniciais repartindo-se em tres estrofes irregulares, uma de 3 versos e as outras duas de um só verso.
Versos tb são irregulares: o 1o com 11 sílabas; o 2o com 8; o 3o com 37; o 4o, com 30; e o 5o com 5. Essa irregularidade dá um aspecto visual agressivo -versos parecxem baionetas, que se espetam para a direita da página.
A aliteração das plosivas /t/ e /d/ e das labiais /b/ e /p/, confirmam a agressividade. Também a ordem enunciada, principalmente nos primeiros versos, como "abaixo!", é uma expressão comum nos manifestos políticos. (aspecto plástico e sonoro).

notas de agressividade: ritmos irregulares/ aliteração de fonemas oclusivos /t/ e /d/ e dos labiaiis /b/ e /p/.



2. A poesia do Cotidiano

* abordagem temática das coisas simples e banais que compõem o dia-a-dia: “Camelôs”, “O cacto”, “Comentário musical”.

Pensão familiar

“Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.

E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.
Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.

Sai vibrando com elegância a patinha direita:
* É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.”



* Paródia da linguagem jornalística:
* denúncia da insensibilidade da imprensa
* fatos são narrados de forma impessoal
* linguagem seca, sintética e referencial.

“Poema tirado de uma notícia de jornal”.

“João Gostoso era carregador de feira livre e morava no
morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.”

3. Poesia Confessional

* na obra, encontramos farto material autobiográfico: “Profundamente”.

* apresentação de vultos familiares, brincadeiras e festas de ruas, cenas que ficaram na memória do poeta como momentos mágicos:

Não sei dançar
“Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.

Mas o cálculo das probalidades é uma pilhéria...
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.
Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
Perdi a saúde também.

É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz-band.
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de Terça-feira gorda.(...) “



“Evocação do Recife”

“Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritssatd dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois –
Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância.(...)

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo

Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô ,morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô.”

4. A morte

* O poeta padeceu de tuberculose na juventude e a prática literária tornou-se necessária, como se fosse uma forma de preparação para a morte.

* No poema, a morte é tratada com ironia e humor negro (Poema - Piada)
* Uso de linha pontilhada, que representa a dificuldade respiratória.
* Tango – grande dramaticidade que, geralmente, expressa tragédias pessoais.

Pneumotórax

“Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
* Diga trinta e três.
* Trinta e três... trinta e três.... trinta e três....
* Respire.

* O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o
{pulmão direito infiltrado.
* Então doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
* Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.”

O beco
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizaonte?
- O que vejo é o beco.


Andorinha

“Andorinha lá fora está dizendo:
“- Passei o dia à toa, à toa!”
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa...”

5. Erotismo.

* A lírica amorosa alcança, no livro, momentos de grande poesia.

* Palinódia – é uma retratação poética. Algo que foi dito no passado é retificado no presente.

“Quem te chamara prima
Arruinaria em mim o conceito
De teogonias velhíssimas
Todavia viscerais.
Naquele inverno
Tomaste banhos de mar
Visitaste as igrejas

(Como se temesses morrer sem conhecê-las todas)
Tiraste retratos enormes
Telefonavas telefonavas...
Hoje em verdade te digo
Que não és prima só
Senão prima de prima
Prima-dona de prima
- Primeva.”

* Teogonia – gênese dos deuses (universo mitológico grego)
* Primeva – retorno a tempos primordiais.



6. A Evasão

* Cria um mundo paralelo à realidade, onde os desejos e as fantasias são realizados.

* É um mundo sem preconceitos nem proibições

Vou-me embora pra Pasárgada

“Vou me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que eu escolherei
Vou me embora pra Pasárgada
Vou me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Prá me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou me embora para Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
-Lá sou amigo do rei-
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou me embora para Pasárgada.”


7. A Solidariedade

* O componente social deve ser visto no contexto histórico de um país de passado escravocrata.

Irene no céu
“Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.”


8) A relação com o Catolicismo

* A relação não é religiosa, mas cultural e, sobretudo poética.
* Como elemento da cultura brasileira, o catolicismo se apresenta fazendo menção:
* à festas e cerimônias do calendário religioso: “Profundamente”; “Poema de finados” ;
* na referência a figuras do imaginário católico: O Anjo da guarda”;
* na paródia de preces : “Oração do saco de Mangaratiba”; “Oração a “Teresinha do menino Jesus”
* citações bíblicas: “ Teresa”
* traços da piedade Cristã mesclados à religião afro-brasileiras “Mangue”.
* Há sempre uma certa ironia na reações entre o poeta e a fé católica.

A Virgem Maria

“O oficial de registro civil, o coletor de impostos, o mordomo
da Santa Casa e o administrador do cemitério de São João Batista
Cavaram com enxadas
Com pás
Com as unhas
Com os dentes
Cavaram uma cova mais funda que o meu suspiro de renúncia
Depois me botaram lá dentro
E puseram por cima
As Tábuas da Lei
Mas de lá de dentro do fundo da treva do chão da cova
Eu ouvia a vozinha da Virgem Maria
Dizer que fazia sol lá fora
Dizer i n s i s t e n t e m e n t e
que fazia sol lá fora.”

9) O Lirismo romântico

* grande subjetividade onde o poeta demonstra um neo-romantismo

O impossível carinho

“Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor

* Eu soubesse repor –
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!”

Mulheres
“Como as mulheres são lindas!
Inútil pensar que é do vestido...
E depois não há só as bonitas:
Há também as simpáticas.
E as feias, certas feias em cujos olhos vejo isto:
Uma menininha que é batida e pisada e nunca sai da cozinha.
Como deve ser bom gostar de uma feia!
O meu amor porém não tem bondade alguma,
É fraco! É fraco!

Meu Deus, eu amo como as criancinhas...
És linda como uma história da carochinha...
E eu preciso de ti como precisava de mamãe e papai
( No tempo em que pensava que os ladrões moravam no
(morro atrás de casa e tinham cara de pau).”

10) A Metalinguagem

O último poema
“Assim eu quereria o meu último poema

Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos in-
(tencionais

Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais
(límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.”


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